sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Vertigem (2003) - José Eduardo Gonçalves (1957 - ) (pág 110)

Mãe. Me acorde. Não me deixe sentir frio. E este medo? Me salva, Mãe. Me tira da escuridão. Um pouco de luz. calor, bafo, um pouco só e sou capaz de me salva, Aqui é triste, silencioso, Calmo. E frio como a morte. Estou sozinho, não tenho como escapar dela. As vozes. Neste silêncio que não escolhi escuto vozes, arradouras. Os Ecos. As lembranças. É dela que tenho medo. Sou outra coisa. Virei tudo do avesso. Me fiz contrário, diferente delas. Neguei o que pude. Esgotei minhas forças lutando contra o previsível. Paguei meus pecado com minha fome e sede sem limites. Não tenho tempo de celebrar meus erros. eu tempo se esvai. Cavei minha solidao Ardor. Fui tao longe quanto pude, fui esquecer. O cheiro de terra batida, as vozes dos outros, o gosto de doce feito na hora, o grunhido dos bichos, o terço na mão, os trilhos da máquina, os apitos, as insônias, as cólicas. deixei os ossos e a carne e as idéias e fui embora, que queria o outro e só o outro. Me tira deste lugar, Mãe. Tenho medo destas vozes (e somente delas). Elas me chamam de volta (pra Luz) e eu nao quero voltar (pois me acustumei) a ser bom. ME salva da bondade, Mãe. Me tira desse buraco onde sinto frio e pavor. Me acaricia enquanto penso no mal que ainda posso fazer a mim mesmo. Me diz para não chorar (desaprendi a chorar). Para pôr a cara pra fora e gritar. Não quero morrer assim (mas quero mutio morrer), ouvidno ecos de um outro homem (provavelmente outro eu). O que eu deixe lá atrás. O que eu queria esquecer. Meu tempio se esgota e eu preciso de tempo. meu ódio já não basta. Minha loucura. Meu desprezo. Minha insanidade cada vez mais lúcida. Meu apetite indigesto, meu Tempo vai chegando ao fim. As vozes (morte e paixão), cada vez mais nítidas. Mais cãndidas e violentas. Meu algor é minha memória. Me livra dela, Mãe. Me deixa esquecer, por favor. Estou sozinho e fraco (como as Pedras do Início, cinzas) Preciso sair daquie agora ( no buraco da vida, não mais) Preciso sair daquie e encontrar o que me pertuba. Seja lá o que for eu preciso deste encotnro. Me livra da morte (e da vida também). Me livre de Mim."
Vertigem (2003) - José Eduardo Gonçalves (1957 - ) (pág 110)
Parentesis: Nota do transcritor (eu no caso)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Novas reflexões


Quanto mais tempo de pos-graduação  menos sentimento. E quem vai tentar mudar isso?